sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

nua e crua


Gostava gosto do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura só quando a encontrava encontro espalhada entre ruínas. Tinha tenho necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava rejeito como inútil o que quer que não contribuísse contribua para a satisfação imediata de um desejo do seu meu coração - tendo tenho um temperamento mais sentimental do que artístico e interessando-se interesso-me mais por emoções do que por paisagens.


Flaubert, Gustave Madame Bovary

6 comentários:

Anónimo disse...

tens mesmo o condão de me deixar BOQUIABERTA... DASSSSS
cassamia

Rato disse...

consegues a emoção sem a paisagem?
já que paisagem sem emoção, basta olhar à volta!

nonsense disse...

Não é fácil separar a emoção da paisagem. se reparares, afirma-se no texto, que se gosta do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura apenas inserida num contexto entre ruínas.

Eu escolho o mar quando está revolto, não me é particularmente querido o sereno pôr do sol...as tempestades impressionam-me mais... e também tenho saudades do apreciar pueril do mundo que nos rodeia...
emocionamo-nos sempre ou com um objecto, pessoa ou paisagem e isto não se pode descurar...

a arte sem emoção também não faz sentido...

uns fazem arte, outros consomem-na.uns não existem sem os outros.
faço parte dos outros.

e o resto não é "paisagem"

este texto fez-ME muito sentido

Igor disse...

O "roubo" elogioso de uma passagem de Flaubert...
É para isso que se escreve, não?
Para que alguém, lendo os verbos, os tome para si e sinta que, quando os escreveram, foi com tal intenção.

Ah, já agora, obrigado pela citação de Jorge Luís Borges, o meu escritor preferido... Embora seja curioso responder a um brasileiro com um argentino... ;)

OLHAR VAGABUNDO disse...

e nºao são as emoçoes paisagens?....
beijo vagabundo

JavierSE disse...

considere-se um paralelismo entre emoção e paisagem, podem ser o mesmo :) ou algo por aí compreendido..

"Emoções" não sei, assemelham-se a texturas que se formam ora bravas ora calmas por toda a alma... :| Texturas, harmonias, paisagens...

Sele-se com surrealidade e todo este devaneio será (é) permitido :D


Depois disso, é a dualidade que encontro na calma e tranquilidade que não procuravas no mar, no verde entre ruínas.

Gostei bastante de o ler :D
Fez todo o sentido para mim também!

Espero-te benne!

Ciau!
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